quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Escola especial ou regular? Como tomar a decisão certa para seu filho?


Escolas regulares ajudam não apenas a criança especial, como também todo o resto do grupo: globo educação (Foto: Thinkstock/Getty Images)Escolas regulares ajudam não apenas a criança especial, como também todo o resto do grupo
(Foto: Thinkstock/Getty Images)
Escola regular ou especial? "É muito difícil fechar uma opinião pois ainda estamos caminhando no processo de inclusão, que prevê uma transformação no funcionamento da instituição escola”, afirma a psicopedagoga Sheina Tabak. “É possível, por exemplo, que uma criança com autismo ou Síndrome de Down não consiga se alfabetizar em uma escola regular e os pais optarem por, naquele momento, colocá-la em uma escola especial. Há também o caso de crianças que não conseguem ficar o turno escolar inteiro dentro de uma sala de aula por não conseguirem se concentrar. Por isso é preciso cautela. Não existe o certo ou o errado”, resume Sheina.

O primeiro movimento legal para que as escolas regulares aceitassem crianças com necessidades especiais foi a Constituição de 1988. Para a psicopedagoga e uma das coordenadoras do Movimento Down Debora Mascarenhas, esse foi o primeiro passo para a reviravolta que o correu no ensino brasileiro. “Lá diz que, preferencialmente, as pessoas com deficiência ou transtornos devem ser matriculadas em escolas regulares. O período de 25 anos, para a educação, é muito curto”, diz. E há questões que depois desse tempo, ainda persistem”, afirma.O fim das escolas especiais ainda está longe justamente para poder atender casos como esses. Mas elas estão cada vez mais raras no país e no mundo. Para pais, mães, pedagogos e especialistas, a escola regular é a melhor opção para crianças com necessidades especiais.

Como os professores aplicam o conteúdo quando há uma criança com autismo em sala? Como esse aluno deve ser avaliado? Repetição é válida? Avaliações alternativas para ele não vão despertar o sentimento de injustiça nos outros alunos? Essas e outras perguntas são feitas por educadores e psicopedagogos e não tem respostas definitivas.
Apesar de tantas dúvidas, a escola regular é a preferida dos especialistas. Salvo, claro, alguns casos pontuais. “A matrícula em uma escola regular traz muitos benefícios para todas as crianças da escola. Isso fica muito claro quando é feita uma atividade inclusiva. Fica nítido que as crianças com necessidades especiais têm algo a oferecer ao grupo”, garante Sheina.
Débora MAscarenhas: globo educação (Foto: Divulgação)
Débora Mascarenhas: escolas regulares são
positivas para ambos os lados (Foto: Divulgação)
Em geral, elas acabam levando o "diferente" a outras crianças. E, esse diferente, depois de muita conversa e explicações, vira logo comum e deixa de ser um bicho exótico de sete cabeças. As crianças acabam acolhendo a criança com autismo, por exemplo, e descobrem como lidar com ela. Com isso, desenvolvem a paciência e são prestativos, oferecendo sempre ajuda, diz Debora Mascarenhas. Lidar com o diferente prepara o outro para encarar o mundo. Por outro lado, é bom ter também pessoas com quem você possa compartilhar os mesmos desejos e desafios.
Escolas regulares públicas ou privadas?
“No passado, as escolas especiais apostaram na capacidade de aprendizado dessas pessoas”, afirma Debora Mascarenhas. Isso é um ponto muito importante. Houve um momento em que essas pessoas puderam estar fora do núcleo familiar, em escolas especiais, com pessoas iguais a elas”, lembra. Mas, para Debora, a escola regular ainda traz um mundo vasto, com um repertório de pessoas e sensações muito rico. “Em uma escola regular, a diversidade de pessoas é muito vasta e importante”, conta.
Depois de tomada a decisão de matricular uma criança com necessidades especiais em uma escola regular, o dilema se volta para outra questão: colégio público ou particular?
Para Débora, algumas escolas privadas ainda não conseguiram se adaptar à situação. Em muitos casos, o colégio particular não tem como oferecer a figura do mediador – pessoa que fica ao lado da criança a todo o momento para ajudá-la em sala de aula e nas atividades recreativas; e serve também como mediador entre o professor e o aluno. Assim, os pais de filhos deficientes ou com transtornos têm que pagar esse profissional à parte. Para complicar, essa criança ainda deve precisar de fonoaudiólogos, psicólogo, fisioterapia, por exemplo, o que encarece consideravelmente os custos da família.

Em uma escola pública, o Ministério da Educação e Cultura fornece recursos para que as unidades construam uma Sala de Recursos, um lugar para as crianças especiais poderem estudar o conteúdo dado em sala de aula. E a figura do mediador é substituída por um estagiário.
Segundo Debora, o importante não é uma escola se anunciar como inclusiva, mas, sim, como ela lida com a inclusão. “Gostaria de ressaltar a importância de uma preparação adequada por parte das escolas, que precisam considerar as necessidades de todos os alunos, com ou sem deficiência. A inclusão deve ser mais do que um conceito, precisa ser adotada no dia a dia das escolas. O que percebemos é um movimento muito positivo, principalmente das escolas públicas brasileiras, neste sentido.”