O acesso à leitura é tema de
inquestionável relevância para a sociedade, porém, ainda está na contramão da
necessidade. A leitura é capaz de proporcionar ao indivíduo acesso a um mundo
novo, que através da história, se confirma como um caminho para se chegar ao conhecimento.
Discutir caminhos de acesso e fomento da leitura ainda é o objetivo de muitos
pesquisadores da área.
O discurso denunciador da crise na
leitura pensa as relações políticas entre escola, leitura e sociedade. Ezequiel
Teodoro da Silva, em 1979, vê a crise na "lei-dura da leitura"
imposta pela sociedade, que, por um conjunto de restrições "impede a
fruição da leitura por milhões de leitores em potencial" (p.23). O autor
faz suas “denúncias” expondo que a crise da leitura estaria na sociedade em
geral, assim como, escolas e pesquisadores que são impedidos, de alguma
maneira, de contribuir para a democratização do acesso ao livro. Instaura-se
assim, mecanismos de alienação e controle.
1º. Parágrafo da lei – dura da leitura: somente a
elite dirigente deve ler: o povo deve ser mantido longe dos livros. Os livros,
quando bem selecionados e lidos estimulam a crítica, a contestação e a
transformação – elementos estes que colocam em risco a estrutura social vigente
e, portanto, regime de privilégios.
(3) historicamente falando, a
grande maioria do povo brasileiro nuca teve acesso ao livro. Chegamos à década
de 80 com uma taxa vergonhosa de analfabetismo, para não falar dos
pseudo- alfabetizados que mal sabem ferrar a sua assinatura numa folha de papel.
2º. Parágrafo da lei-dura da
leitura: No território nacional, diferentes aspectos da
leitura devem permanecer como pontos de interseção. O
apoio à execução de pesquisas ao desenvolvimento de programas, visando à
mudança, deve ser o mínimo possível de modo que as coisas permaneçam exatamente
como estão.
1. é
paradoxal que, num país de tão grande dimensão e número de habitantes, exista
uma exiguidade de investigações na área da leitura. Na lista de
prioridades de pesquisa, geralmente baixada pelas autoridades, o tópico
“leitura” é uma realidade. É paradoxal porque a crise do livro e da
leitura exige, sem dúvida, respostas ao nível da investigação cientifica.
2. Com
raras exceções as investigações sobre o problema da leitura, realizada na
década de 70, apenas serviram para constatar o obvio ou seja que os estudantes
estão lendo cada vez menos e que os seus interesses não são atendidos no âmbito
da escola.
3º. Parágrafo da lei-dura da leitura : O ensino
da leitura, como proposto pelas escolas, deve ser feito pelo processo de
ensaio- e- erro. Deve é claro haver mais erros do que acertos de modo a
confundir o aluno – leitor. Não o gosto, mas o “desgosto” pela leitura deve ser
incentivado. Mesmo o professor, por falta de condições deve ser impedido de ler
criticamente.
1. O
professor brasileiro, dada a sua condição de oprimido, também é
carente da
Leitura. O salário não é suficiente para comprar
livros e enriquecer o acervo de sua biblioteca especializada nas escolas.
Os cursos de licenciaturas tocam por alto a pedagogia
da leitura.
(2) O currículo da leitura das nossas escolas
(principalmente as públicas) geralmente se apresentam desorganizados, não –
sequenciados, parecendo ser estabelecidos na base da improvisação e do
desleixo. em uma pesquisa realizada em Campinas, constatei que quanto mais o
aluno sobe na hierarquia acadêmica, mais negativa é a sua atitude frente á
leitura. Regina Zilberman, em pesquisa realizada em Porto Alegre, mostrou
alguns aspectos da falta de atenção para com a orientação de leitura dos
alunos: repetição das mesmas obras literárias em diferentes séries, inadequação
das obras ao leitor.etc….
4º parágrafo da lei – dura da leitura : os diferentes
especialistas que fazem ciências na área da leitura devem trabalhar de forma
não integrada ou compartilhada. A visão do todo, estabelecida através da
integração de perspectivas diversas (histórica, política, comunicacional,
literária, psicologica, lingüistica, etc…..), é sempre perigosa e deve ser
sempre evitada – os conhecimentos relativos à leitura no Brasil devem aparecer
e serem disseminados na forma de “retalhos”.
35 anos se passaram, e alguma coisa
mudou?
Estamos caminhando a passos lentos para
a democratização do acesso a leitura. É preciso lutar para alcançar esse
objetivo, porém, o problema da leitura, é reflexo de uma política precária que
se estende a várias áreas sociais e acaba refletida na educação.
Referência
SILVA,E.T. Leitura ou lei-dura?In: ABREU,M. (org). Leituras do Brasil. Campinas-SP: Mercado das Letras, 1995.
Referência
SILVA,E.T. Leitura ou lei-dura?In: ABREU,M. (org). Leituras do Brasil. Campinas-SP: Mercado das Letras, 1995.
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