SHAYWITZ, Sally – Entendo a Dislexia. Um Novo e Completo Programa Para
Todos Os Níveis de Problemas de Leitura.
O CÉREBRO ATIVO LÊ
OBSERVANDO O CÉREBRO LER
Como aparece nas imagens cerebrais, os homens ativam o giro
frontal inferior esquerdo, ao passo que as mulheres ativam tanto o direito
quanto o esquerdo. Enquanto todos homens ativavam apenas o lado esquerdo do
cérebro, a maioria das mulheres ativou ambos os lados.
Quando leem, os bons leitores ativam sistemas neurais
altamente interconectados que incluem regiões das partes posterior e anterior
do lado esquerdo do cérebro.
A maior parte da região do cérebro responsável pela leitura
fica na sua porção posterior.
O caminho inferior passa próximo da base do cérebro. É o
local em que dois lobos cerebrais – occipital e o temporal – se encontram
(região chamada de área occipitotemporal). Essa região de intensa atividade
atua como um núcleo para o qual as informações oriundas de diferentes sistemas
sensoriais convergem e onde, por exemplo, todas as informações relevantes sobre
uma palavra – sua aparência, seu som e seu significado – são reunidas e
armazenadas.
Os leitores iniciantes devem primeiro analisar uma palavra;
leitores experientes identificam as palavras instantaneamente. O sistema
parietotemporal funciona para o leitor iniciante. Lenta e analítica, sua função
parece estar nos primeiros estágios da aprendizagem da leitura, isto é, quando
se começa a analisar uma palavra, subdividindo-a e conectando suas letras aos
sons. Ao contrário do procedimento passo a passo do sistema parietemporal, a
região occipitotemporal é uma via expressa para a leitura, sendo utilizada por
leitores experientes. Quanto mais experimentado o leitor, mais essa região é
ativada. Ela responde muito rapidamente – à palavra visualizada; em vez de
analisar a palavra, a área occipitotemporal reage quase que instantaneamente à
palavra inteira como sendo um padrão único.
Funcionamento do sistema de forma da palavra: depois de a
criança analisar e ler corretamente uma palavra várias vezes, ela forma um
modelo neural exato dessa palavra; o modelo (forma da palavra), que reflete a
ortografia, a pronúncia e o significado da palavra, é então permanentemente
armazenado no sistema occipitotemporal. Subsequentemente, basta ver a palavra
impressa para que o sistema e todas as informações relevantes sobre a palavra
sejam imediatamente ativados. Tudo acontece automaticamente, sem esforço ou pensamento consciente. Quando os leitores
experientes leem com grande velocidade, o sistema de forma da palavra funciona
em potência máxima, reconhecendo instantaneamente uma palavra depois da outra.
Não é de surpreender que os melhores leitores, os que têm os maiores índices em
testes, são aqueles que durante a realização das imagens demonstraram ter a
maior ativação da região da forma da palavra.
Quando leem, os bons leitores ativam
a parte posterior do cérebro e também, até certo ponto, a parte anterior. Ao
contrário, os leitores disléxicos demonstram uma falha no sistema: a sub-ativação
de caminhos neurais na parte posterior do cérebro. Consequentemente, eles têm problemas
iniciais ao analisar as palavras e ao transformar as letras em sons e, mesmo
quando amadurecem, continuam a ler lentamente e sem fluência.
Em todas as idades, os bons leitores
demonstram um padrão consistente: a forte ativação da parte posterior do
cérebro, com menor ativação na parte frontal. Ao contrário, as ativações
cerebrais nas crianças disléxicas parecem mudar com a idade. As imagens revelam
que as crianças disléxicas mais velhas demonstram uma ativação aumentada nas
regiões frontais, de maneira que, quando chegam à adolescência, demonstram um
padrão de superativação da região de
Broca – isto é, passam a usar com frequência cada vez maior essas regiões
frontais para a leitura. É como se esses leitores estivessem usando os sistemas
da parte frontal do cérebro para compensar o problema da parte posterior. Isso
está de acordo com o que se conhece sobre o estilo de leitura de muitos
disléxicos. Um meio de compensar a dificuldade de leitura, por exemplo, é
subvocalizar (pronunciar as palavras em tom baixo) enquanto se lê, processo em
que utiliza uma região da parte anterior do cérebro (a área de Broca)
responsável pela articulação das palavras que são verbalizadas. Esse processo
de subvocalização permite-lhe ler – ainda que mais lentamente do que se o os
sistemas posteriores esquerdos estivessem funcionando.
Essa assinatura parece ser universal;
aplica-se a disléxicos em todas as línguas e de todas as idades. Mesmo alunos
universitários de excelente desempenho com histórico de dislexia na infância e
que são leitores precisos, mas lentos, continuam a demonstrar esse padrão.
Falha posterior idêntica se observa nas crianças e adultos – prova
neurobiológica de que os problemas de leitura não desaparecem. Eles são
persistentes, e agora sabemos por quê.
Também aprendemos que as crianças e
os adultos disléxicos utilizam sistemas de leitura compensatórios. As imagens
cerebrais de leitores disléxicos que tentam pronunciar palavras demonstram que
o sistema posterior do lado esquerdo do cérebro não está funcionando; em vez
disso, esses leitores lentos, mas precisos, dependem de caminhos alternativos
secundários, que não são como um conserto, mas sim uma diferente rota de
leitura. Além de depender mais da área de Broca, que foi mencionada
anteriormente, os disléxicos também usam outros sistemas auxiliares de leitura,
localizados no lado direito e na parte anterior do cérebro – um sistema
funcional, mas, infelizmente, não automático. Essas descobertas explicam o
quadro intrigante que tínhamos de leitores adultos disléxicos que melhoraram
sua precisão de leitura, mas para que ler continuava a ser uma atividade lenta
e desgastante. A falha dos sistemas posteriores impede o reconhecimento rápido
e automático das palavras; o desenvolvimento do lado direito como sistema
auxiliar permite que haja uma leitura precisa, ainda que muito lenta. Esses
leitores disléxicos têm de depender de um sistema “manual” em vez de um sistema
automático de leitura.
O grupo disléxico clássico nasce com
uma falha em seus sistemas de leitura posteriores. Este grupo tem capacidades
verbais mais altas e é capaz de compensar o problema – melhora a precisão, mas
continua a ler lentamente.
Um ano depois de uma intervenção
eficaz de leitura, crianças disléxicas desenvolveram sistemas de leitura do
lado esquerdo tanto na parte anterior como na posterior do cérebro.
A intervenção precoce por meio de um
programa eficaz de leitura leva ao desenvolvimento de sistemas automáticos de
leitura, permitindo que a criança ande no mesmo ritmo de seus colegas.
OS PRIMEIROS SINAIS
DE DISLEXIA
O primeiro sinal indicativo da
dislexia pode ser um atraso na fala.
Como regra geral, as crianças dizem suas primeiras frases por volta de 1 ano e
6 meses a 2 anos. As crianças vulneráveis à dislexia talvez não comecem a
pronunciar as primeiras palavras antes de cerca de um 1 ano e 3 meses de vida e
talvez não pronunciem frases antes de completar 2 anos.
Quando a criança começa a falar, as dificuldades na pronúncia – às vezes
chamada de “conversa de bebê” – que continuam além do tempo normal podem ser
outro sinal precoce. Por volta dos 5 ou 6 anos, a criança deve ter poucos
problemas para pronunciar a maioria das
palavras corretamente.
Os alunos de 3 e 4 anos divertem-se
muito ao ouvir e repetir sons. As crianças disléxicas, por outro lado, têm
problemas quando tentam penetrar na estrutura sonora das palavras e,
consequentemente, são menos sensíveis à rima.
Às vezes é difícil acompanhar a
conversa de um disléxico porque as frases são preenchidas com pronomes ou
palavras que precisam de especificidade: “Eu peguei o negócio e levei para lá. As coisas estavam todas misturadas, mas eu
consegui o negócio de qualquer
jeito”. É importante lembrar que o problema está na linguagem expressiva, e não
no pensamento. A criança sabe exatamente o que quer dizer; a dificuldade está
em buscar a palavra certa. É um padrão frequente, mas não invariável; algumas
crianças disléxicas podem ser bastante articuladas quando falam.
A criança ou o adulto talvez digam
“está na ponta da língua” ou “simplesmente não consigo dizer a palavra”.
BUSCANDO PISTAS NA
GENÉTICA
A dislexia é muito comum em muitas
famílias, ter um parente ou irmão disléxico aumenta a probabilidade de que você
também seja. Um número entre um quarto e metade das crianças cuja mãe ou pai é
disléxico também é disléxico. Se uma criança de família é disléxica, quase a
metade de seus irmãos provavelmente serão. Não é de surpreender que, nos casos
em que uma criança identificada com disléxica e seus pais são depois avaliados,
descubra-se que entre um terço e a metade dos pais também o são.
O escritor John Irving e o financista
Charles Schwab descobriram que eram disléxicos depois dos diagnósticos de seus
filhos.
Uma criança que tem um irmão ou
parente disléxico deve ser monitorada muito de perto para que se detectem
indícios precoces de dificuldades na linguagem oral. Esse é um dos casos em que
os pais devem realmente estar atentos com a linguagem verbalizada pelos filhos.
Existe um gene para a dislexia? A
complexidade do processo de leitura sugere que nenhum gene dominante dá
surgimento à dislexia; há vários genes envolvidos. Hoje há pesquisas
promissoras sobre vários deles. Alguns desses genes podem aumentar a capacidade
de leitura, enquanto outros a diminuem. A genética da dislexia é uma área de
pesquisa muito ativa, e os cientistas estão descobrindo que a busca pelos genes
responsáveis é mais complicada do que previam.
SINAIS DE DISLEXIA
NA PRIMEIR A INFÂNCIA
Os primeiros sinais estão em sua
maioria relacionados à fala. O primeiro sinal de um problema de linguagem (e de
leitura) pode ser o de a criança demorar a falar. Quando a criança começa a
falar, observe os seguintes problemas:
Os anos de pré-escola:
Ø Problemas de aprendizagem de rimas
infantis comuns.
Ø Falta de interesse pelas rimas.
Ø Palavras mal pronunciadas;
persistência da chamada linguagem de bebê.
Ø Dificuldade em aprender (e lembrar) o
nome das letras.
Ø Deficiência em saber o nome das
letras de seu próprio nome.
Pré-escola e 1a série:
Ø Deficiência em entender que as
palavras podem ser divididas em partes; em duas partes e em três sons.
Ø Incapacidade de ler palavras simples
de uma só sílaba ou de pronunciar mesmo as palavras mais simples.
Ø Reclamações sobre o quanto é difícil
ler; correr e esconder-se quando é hora de ler.
Ø Histórico de problemas de leitura
presente nos pais e irmãos.
Além dos problemas de fala e de
leitura, você também dever observar indícios de pontos fortes nos seguintes
processos de pensamento de nível superior:
Ø Curiosidade.
Ø Grande imaginação.
Ø Capacidade de descobrir como as
coisas acontecem.
Ø Forte envolvimento com ideias novas.
Ø Compreensão de ponto essencial das
coisas.
Ø Boa compreensão de novos conceitos.
Ø Maturidade surpreendente.
Ø Grande vocabulário para sua faixa
etária.
Ø Satisfação ao resolver
quebra-cabeça/problemas.
Ø Talento para a construção de modelos.
Ø Excelente compreensão de históricos
que lhe são lidas ou contadas.
PROBLEMAS DE LEITURA
Ø Fadiga extrema depois de ler.
Ø Leitura lenta de quase tudo: livros,
manuais, legendas em filmes estrangeiros.
Ø Maus resultados em testes de múltipla
escolha.
Ø Muitas horas utilizadas na leitura de
material escolar ou de trabalho.
Ø Sacrifício frequente da vida social
para estudar.
Ø Preferência por livros com menos
palavras por página ou com grandes áreas em branco entre os parágrafos.
Ø Falta de vontade de ler por prazer.
Ø Ortografia que permanece problemática
e preferência por palavras menos complexas ao escrever.
Ø Desempenho especialmente fraco em
tarefas habituais de escrita.
HABILIDADES EVIDENTES NOS PROCESSOS
DE PENSAMENTO DE ALTO NÍVEL
Ø A manutenção das habilidades
observadas na época escolar.
Ø Alta capacidade de aprendizagem.
Ø Melhoria observável quando recebe
tempo extra nos exames de múltipla escolha.
Ø Excelência observável quando
concentrado em uma área especializada, tais como medicina, direito, políticas
públicas, economia, arquitetura ou ciência em geral.
Ø Excelência na escrita quando o que
importa é o conteúdo, e não a ortografia.
Ø Boa articulação ao expressar ideias e
sentimentos.
Ø Excepcional empatia, calor humano e
preocupação com os outros.
Ø Sucesso nas áreas que não dependem da
memória imediata.
Ø Talento para a conceitualização de
alto nível e capacidade de apresentar insights
originais.
Ø Pensamento global.
Ø Inclinação a pensar de maneira
original.
Ø Resiliência observável e capacidade
de adaptação.
DIAGNOSTICANDO A
DISLEXIA NA CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR
Na dislexia do desenvolvimento, a deficiência fonológica ocupa posição
principal, estando os outros componentes da linguagem intactos, e a dificuldade
de leitura está no nível da decodificação das palavras individuais,
inicialmente com precisão e depois com fluência. A inteligência não é
afetada e pode estar na faixa superior ou superdotada. O distúrbio está
presente desde o nascimento, não sendo adquirido.
Na alexia adquirida, há uma perda ou diminuição da capacidade de
leitura, resultante de um trauma cerebral, um tumor ou um derrame que tenha
afetado os sistemas cerebrais necessários à leitura. Pode haver outros
sintomas, tais como a perda da fala ou fraqueza no lado direito do corpo,
dependendo da região exata afetada pela lesão cerebral. Ao contrário da
dislexia do desenvolvimento, esta disfunção é adquirida e é mais frequentemente
observada em pessoas de meia-idade ou idosas.
A hiperlexia
é uma disfunção relativamente rara cuja causa é desconhecida, sendo, em vários
sentidos, a imagem espelhada da dislexia. As crianças que nascem hiperléxicas
aprendem a decodificar as palavras muito cedo, às vezes por volta dos 3 anos ou
na pré-escola. Demonstram um interesse precoce e intenso pelas palavras, e sua
excepcional capacidade de reconhecimento das palavras é frequentemente nítida
por volta dos 5 anos. Mas sua compreensão de leitura é extremamente deficiente.
Além disso, há déficits de raciocínio e na solução de problemas abstratos. Não
é incomum que as crianças afetadas tenham dificuldades em estabelecer relações
com outras crianças e também com
adultos.
Também é importante na dislexia
eliminar outros fatores potenciais que atuam nas crianças em idade escolar e
que têm problemas com a leitura. Por exemplo, as crianças devem ser
avaliadas para que se detectem problemas auditivos ou de visão. Por
exemplo, mensurações de laboratório, tais como estudos por imagem (ressonância
magnética, tomografia computadorizada, raio X), eletroencefalogramas e estudos
genéticos não são indicados para avaliação geral da dislexia e devem ser
realizados apenas se houver determinadas indicações clínicas.
A dislexia é uma disfunção cuja base
é a linguagem e que afeta a leitura; o TDAH é um problema que reflete
dificuldades para distribuir, focar e sustentar a atenção. Entre 12 e 24% das
pessoas com dislexia também possuem o TDAH.
DIAGNOSTICANDO
JOVENS ADULTOS E INTELIGENTES
Estratégias de aprendizagem
|
Usa o laptop para escrever; usa uma
régua para acompanhar o texto; sublinha palavras específicas ou frases;
escreve notas sobre tudo o que lê e depois copia as notas várias vezes até
aprendê-las; necessita de silêncio quando estuda e quando faz os testes;
necessita de concentração total ao ler.
|
Índice de leitura silenciosa:
|
5o percentil.
|
Índice de leitura oral:
|
8o percentil.
|
Consciência fonológica
|
Não proficiente.
|
Maneira de segurar o lápis:
|
Desajeitada.
|
Escrita:
|
Lenta, ilegível.
|
Ortografia:
|
Utiliza o corretor ortográfico
|
Leitura de palavras.
Decodificação abordagem de
palavras:
|
45o percentil.
|
Identificação de palavras:
|
53o percentil.
|
Leitura oral compreensão:
|
99o percentil.
|
Conceitos matemáticos:
|
99o percentil.
|
Habilidade visuoespacial:
|
Excelente, “ótimo em anatomia”.
|
O diagnóstico de dislexia para jovens
adultos e inteligentes, apresenta os mesmos indicadores de uma deficiência
fonológica cercada por um mar de habilidades:
Ø Um significativo histórico familiar
de dislexia;
Ø Problemas precoces na linguagem, no
que diz respeito à articulação da fala, mas não à compreensão;
Ø Problemas ao aprender o alfabeto;
Ø Problemas ao associar letras e sons;
Ø Problemas ao pronunciar as palavras;
Ø Confusão de palavras cujos sons são
parecidos;
Ø Dificuldade em perceber os detalhes
das palavras;
Ø Terror absoluto de ler em voz alta;
Ø Leitura vagarosa;
Ø Ortografia desastrosa;
Ø Maneira desajeitada de segurar o
lápis;
Ø Escrita deficiente;
Ø Autoestima rebaixada;
Ø Ansiedade ao realizar testes;
Ø Tempo como fator crítico para o
desempenho;
Ø Desempenho extremamente variável,
dependendo do formato do teste;
Ø Resultados de testes de múltipla
escolha subestimam o conhecimento;
Ø Capacidade superior de aprendizagem
aliada à leitura deficiente;
Ø Compreensão maior do que a memória
imediata;
Ø Infere muito melhor a ideia principal
do que os detalhes.
Aqui estão os fatos essenciais sobre
a dislexia em um adulto:
Ø A deficiência fonológica persiste;
nunca lhe abandona;
Ø Nas crianças, a deficiência
fonológica afeta primeiramente a precisão; quando adultos já terão aprendido a
ler um bom número de palavras com precisão;
Os leitores adultos bem aparelhados leem com precisão e rapidamente; os adultos disléxicos leem lentamente e de maneira trabalhosa – não são fluentes;
Ø Os estudos das imagens cerebrais
indicam que os adultos disléxicos nunca passam a utilizar o circuito neural de
leitura automática, necessário à leitura fluente;
Ø A dependência de caminhos neurais
secundários resulta em leitura precisa, mas lenta.
Ø
ENSINO INTENSIVO
O ensino da leitura para o leitor
disléxico deve ser ministrado com grande intensidade. Não se esqueça de que ela
está atrás de seus colegas e deve progredir mais do que eles para alcançá-los.
O disléxico deve dar um salto; caso contrário, ficará para trás.
Seu professor deve saber desacelerar,
repetir, aumentar, aumentar a velocidade ou mudar o ritmo, encontrar uma
explicação alternativa e parar.
ENSINO DE ALTA
QUALIDADE
O ensino de qualidade é ministrado
por um professor altamente qualificado.
De acordo com o pesquisador que
realizou ambas as investigações, o estudo no qual o programa foi mais eficaz
“utilizou professores altamente qualificados que tinham alguns anos de
experiência ensinando crianças com problemas de leitura”.
ENSINANDO A CRIANÇA
DISLÉXICA A LER
Os pontos essenciais para um programa
de intervenção precoce são:
Ø Ensino sistemático e direto em:
·
Consciência
fonêmica – perceber, identificar e
manipular os sons da linguagem oral.
·
Fônica
– como as letras e os grupos de letras representam os sons da linguagem oral.
·
Pronunciar
as palavras (decodificação).
·
Ortografia.
·
Leitura
de palavras á primeira vista.
·
Vocabulário
e conceitos.
·
Estratégias
de compreensão de leitura.
Ø Prática na
aplicação dessas habilidades na leitura e na escrita.
Ø Treinamento em
fluência.
Ø Experiência linguísticas enriquecedoras:
·
Ouvir,
falar sobre um determinado assunto e contar histórias.
CONSTRUINDO A
FLUÊNCIA: TREINANDO O CÉREBRO
Como você sabe, a fluência é enganosa
para o leitor disléxico, mas não precisa ser. Assim é urgente que a criança
disléxica que tenha atingido algum grau de precisão de leitura, mas que ainda
lê devagar e hesitantemente, receba um treinamento contínuo de fluência. O objetivo
é que ela se torne um leitor fluente.
As abordagens que enfatizam a leitura
oral repetida com feedback e
orientação do professor apresentam os resultados mais positivos.
A “sobre-aprendizagem”, é o resultado
de repetição intensa, exercício e prática.
Devemos nos concentrar na construção
de modelos neurais de palavras estáveis e precisos. Cada sessão de treinamento
de fluência exige apenas alguns minutos por dia. A prática deve ser consistente
e estender-se por um período de semanas ou, preferencialmente, meses. Pelo fato
de a fluência ser construída sobre a precisão, os alunos devem praticar com
materiais que já tenham decodificado. Em termos práticos, isso significa que
devem ser capazes de ler a passagem que escolherem com um alto grau de precisão,
não cometendo mais do que um erro a cada 20 palavras. Praticar significa reler
a mesma passagem pelo menos quatro vezes.
No geral, o treinamento de sucesso
para a fluência pode ser conquistado por meio de leitura oral repetida, seja de
passagens inteiras, seja de palavras isoladas.
Na prática, impõem-se um prazo sobre
a velocidade com a qual se identifica uma palavra, com prazos mais curtos
resultando em velocidades mais rápidas de leitura.
AJUDANDO AS CRIANÇAS
MAIS VELHAS A SE TORNAREM FLUENTES
Os alunos mais velhos também tiram
proveito da leitura de palavras isoladas, especialmente das chamadas palavras
irregulares. Essas palavras são em geral encontradas em textos para alunos de
séries mais avançadas, mas devem ser aprendidas e reaprendidas por meio de
prática repetida como parte de exercícios de fluência.
Os alunos praticam a leitura em voz
alta de palavras retiradas de seus textos de leitura de diferentes disciplinas,
tais como estudos sociais e ciências. Essas palavras podem ser colocadas em cartões
individuais ou no computador para a prática da leitura em voz alta. Ouvir o
texto em fita ou CD enquanto se lê também ajuda. Sem esse apoio, pedir a um
aluno disléxico que leia só causará frustração e decepção.
MEDINDO A FLUÊNCIA
Quase tão importante quanto ensinar a
fluência é medi-la. Há diretrizes úteis para ajudá-lo a julgar a fluência
relativa de uma criança. Para as crianças das séries inferiores, os índices de
fluência para a leitura oral de textos são os seguintes:
SÉRIE
|
PALAVRAS CORRETAS
POR MINUTO
|
1a série, segunda metade
|
40 a 60
|
2a série, segunda metade
|
80 a 100
|
3a série, segunda metade
|
100 a 120
|
4a série e séries
superiores
|
120 a 180
|
As crianças cujos índices estivessem
abaixo dos níveis indicados a seguir estão em situação de alto risco no que diz
respeito à leitura.
QUAL É O PAPEL DE
COMPUTADOR NO ENSINO DE UMA CRIANÇA
DISLÉXICA?
Não há ainda comprovação da eficácia
do ensino por computador no que diz respeito à leitura, embora não haja dúvida
de que se trata de uma excelente ferramenta para a prática.
GRAVAÇÕES E VÍDEOS
AJUDAM?
Esse material permite que uma criança
disléxica acompanhe tarefas de sala de aula que não poderia ler com facilidade.
O mesmo pode ser dito sobre fitas de vídeo de romances ou dramas; assistir a
essas fitas antes de ler a história firma um esquema ou estrutura ao qual a
criança pode vincular detalhes da história. Quando a criança tiver visto o
vídeo e entendido a essência da história, em geral será capaz de ler o livro
que antes teria sido considerado difícil demais. As crianças disléxicas, em
especial, têm melhor desempenho quando tem em mente um quadro geral do que vão
ler – a história completa e os personagens individuais. É aí que o leitor
disléxico pode aplicar ao contexto de uma palavra sua capacidade conceitual e
seu vocabulário rico e chegar ao seu significado e pronúncia.
HÁ ESTRATÉGIAS SIMPLES
E GERAIS QUE UMA CRIANÇA DISLÉXICA POSSA USAR PARA MELHORAR SUA LEITURA?
Como foi mencionado antes, ensina-se
a criança a olhar as letras que formam uma palavra. Na prática, incentiva-se a
criança a pronunciar a palavra tanto quanto puder e, mais tarde, ensina-se a
encontrar uma palavra que tenha um som parecido com a anterior e que também
faça sentido na frase.
Com o tempo e a prática, a criança se
torna cada vez mais independente no que diz respeito à habilidade de testar
estratégias diferentes e em monitorar sua própria leitura. Quando a criança
estiver maior, poderá usar a régua ou objeto semelhante.
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