domingo, 19 de maio de 2013

ENTENDENDO A DISLEXIA



 
SHAYWITZ, Sally – Entendo a Dislexia. Um Novo e Completo Programa Para Todos Os Níveis de Problemas de Leitura.





O CÉREBRO ATIVO LÊ
OBSERVANDO O CÉREBRO LER
Como aparece nas imagens cerebrais, os homens ativam o giro frontal inferior esquerdo, ao passo que as mulheres ativam tanto o direito quanto o esquerdo. Enquanto todos homens ativavam apenas o lado esquerdo do cérebro, a maioria das mulheres ativou ambos os lados.
Quando leem, os bons leitores ativam sistemas neurais altamente interconectados que incluem regiões das partes posterior e anterior do lado esquerdo do cérebro.
A maior parte da região do cérebro responsável pela leitura fica na sua porção posterior.
O caminho inferior passa próximo da base do cérebro. É o local em que dois lobos cerebrais – occipital e o temporal – se encontram (região chamada de área occipitotemporal). Essa região de intensa atividade atua como um núcleo para o qual as informações oriundas de diferentes sistemas sensoriais convergem e onde, por exemplo, todas as informações relevantes sobre uma palavra – sua aparência, seu som e seu significado – são reunidas e armazenadas.
Os leitores iniciantes devem primeiro analisar uma palavra; leitores experientes identificam as palavras instantaneamente. O sistema parietotemporal funciona para o leitor iniciante. Lenta e analítica, sua função parece estar nos primeiros estágios da aprendizagem da leitura, isto é, quando se começa a analisar uma palavra, subdividindo-a e conectando suas letras aos sons. Ao contrário do procedimento passo a passo do sistema parietemporal, a região occipitotemporal é uma via expressa para a leitura, sendo utilizada por leitores experientes. Quanto mais experimentado o leitor, mais essa região é ativada. Ela responde muito rapidamente – à palavra visualizada; em vez de analisar a palavra, a área occipitotemporal reage quase que instantaneamente à palavra inteira como sendo um padrão único.
Funcionamento do sistema de forma da palavra: depois de a criança analisar e ler corretamente uma palavra várias vezes, ela forma um modelo neural exato dessa palavra; o modelo (forma da palavra), que reflete a ortografia, a pronúncia e o significado da palavra, é então permanentemente armazenado no sistema occipitotemporal. Subsequentemente, basta ver a palavra impressa para que o sistema e todas as informações relevantes sobre a palavra sejam imediatamente ativados. Tudo acontece automaticamente, sem esforço ou  pensamento consciente. Quando os leitores experientes leem com grande velocidade, o sistema de forma da palavra funciona em potência máxima, reconhecendo instantaneamente uma palavra depois da outra. Não é de surpreender que os melhores leitores, os que têm os maiores índices em testes, são aqueles que durante a realização das imagens demonstraram ter a maior ativação da região da forma da palavra.
Quando leem, os bons leitores ativam a parte posterior do cérebro e também, até certo ponto, a parte anterior. Ao contrário, os leitores disléxicos demonstram uma falha no sistema: a sub-ativação de caminhos neurais na parte posterior do cérebro. Consequentemente, eles têm problemas iniciais ao analisar as palavras e ao transformar as letras em sons e, mesmo quando amadurecem, continuam a ler lentamente e sem fluência.
Em todas as idades, os bons leitores demonstram um padrão consistente: a forte ativação da parte posterior do cérebro, com menor ativação na parte frontal. Ao contrário, as ativações cerebrais nas crianças disléxicas parecem mudar com a idade. As imagens revelam que as crianças disléxicas mais velhas demonstram uma ativação aumentada nas regiões frontais, de maneira que, quando chegam à adolescência, demonstram um padrão de superativação da região de Broca – isto é, passam a usar com frequência cada vez maior essas regiões frontais para a leitura. É como se esses leitores estivessem usando os sistemas da parte frontal do cérebro para compensar o problema da parte posterior. Isso está de acordo com o que se conhece sobre o estilo de leitura de muitos disléxicos. Um meio de compensar a dificuldade de leitura, por exemplo, é subvocalizar (pronunciar as palavras em tom baixo) enquanto se lê, processo em que utiliza uma região da parte anterior do cérebro (a área de Broca) responsável pela articulação das palavras que são verbalizadas. Esse processo de subvocalização permite-lhe ler – ainda que mais lentamente do que se o os sistemas posteriores esquerdos estivessem funcionando.
Essa assinatura parece ser universal; aplica-se a disléxicos em todas as línguas e de todas as idades. Mesmo alunos universitários de excelente desempenho com histórico de dislexia na infância e que são leitores precisos, mas lentos, continuam a demonstrar esse padrão. Falha posterior idêntica se observa nas crianças e adultos – prova neurobiológica de que os problemas de leitura não desaparecem. Eles são persistentes, e agora sabemos por quê.
Também aprendemos que as crianças e os adultos disléxicos utilizam sistemas de leitura compensatórios. As imagens cerebrais de leitores disléxicos que tentam pronunciar palavras demonstram que o sistema posterior do lado esquerdo do cérebro não está funcionando; em vez disso, esses leitores lentos, mas precisos, dependem de caminhos alternativos secundários, que não são como um conserto, mas sim uma diferente rota de leitura. Além de depender mais da área de Broca, que foi mencionada anteriormente, os disléxicos também usam outros sistemas auxiliares de leitura, localizados no lado direito e na parte anterior do cérebro – um sistema funcional, mas, infelizmente, não automático. Essas descobertas explicam o quadro intrigante que tínhamos de leitores adultos disléxicos que melhoraram sua precisão de leitura, mas para que ler continuava a ser uma atividade lenta e desgastante. A falha dos sistemas posteriores impede o reconhecimento rápido e automático das palavras; o desenvolvimento do lado direito como sistema auxiliar permite que haja uma leitura precisa, ainda que muito lenta. Esses leitores disléxicos têm de depender de um sistema “manual” em vez de um sistema automático de leitura.
O grupo disléxico clássico nasce com uma falha em seus sistemas de leitura posteriores. Este grupo tem capacidades verbais mais altas e é capaz de compensar o problema – melhora a precisão, mas continua a ler lentamente.
Um ano depois de uma intervenção eficaz de leitura, crianças disléxicas desenvolveram sistemas de leitura do lado esquerdo tanto na parte anterior como na posterior do cérebro.
A intervenção precoce por meio de um programa eficaz de leitura leva ao desenvolvimento de sistemas automáticos de leitura, permitindo que a criança ande no mesmo ritmo de seus colegas.

OS PRIMEIROS SINAIS DE DISLEXIA
O primeiro sinal indicativo da dislexia pode ser um atraso na fala. Como regra geral, as crianças dizem suas primeiras frases por volta de 1 ano e 6 meses a 2 anos. As crianças vulneráveis à dislexia talvez não comecem a pronunciar as primeiras palavras antes de cerca de um 1 ano e 3 meses de vida e talvez não pronunciem frases antes de completar 2 anos.
Quando a criança começa a falar, as dificuldades na pronúncia – às vezes chamada de “conversa de bebê” – que continuam além do tempo normal podem ser outro sinal precoce. Por volta dos 5 ou 6 anos, a criança deve ter poucos problemas para  pronunciar a maioria das palavras corretamente.
Os alunos de 3 e 4 anos divertem-se muito ao ouvir e repetir sons. As crianças disléxicas, por outro lado, têm problemas quando tentam penetrar na estrutura sonora das palavras e, consequentemente, são menos sensíveis à rima.
Às vezes é difícil acompanhar a conversa de um disléxico porque as frases são preenchidas com pronomes ou palavras que precisam de especificidade: “Eu peguei o negócio e levei para lá. As coisas estavam todas misturadas, mas eu consegui o negócio de qualquer jeito”. É importante lembrar que o problema está na linguagem expressiva, e não no pensamento. A criança sabe exatamente o que quer dizer; a dificuldade está em buscar a palavra certa. É um padrão frequente, mas não invariável; algumas crianças disléxicas podem ser bastante articuladas quando falam.
A criança ou o adulto talvez digam “está na ponta da língua” ou “simplesmente não consigo dizer a palavra”.

BUSCANDO PISTAS NA GENÉTICA
A dislexia é muito comum em muitas famílias, ter um parente ou irmão disléxico aumenta a probabilidade de que você também seja. Um número entre um quarto e metade das crianças cuja mãe ou pai é disléxico também é disléxico. Se uma criança de família é disléxica, quase a metade de seus irmãos provavelmente serão. Não é de surpreender que, nos casos em que uma criança identificada com disléxica e seus pais são depois avaliados, descubra-se que entre um terço e a metade dos pais também o são.
O escritor John Irving e o financista Charles Schwab descobriram que eram disléxicos depois dos diagnósticos de seus filhos.
Uma criança que tem um irmão ou parente disléxico deve ser monitorada muito de perto para que se detectem indícios precoces de dificuldades na linguagem oral. Esse é um dos casos em que os pais devem realmente estar atentos com a linguagem verbalizada pelos filhos.
Existe um gene para a dislexia? A complexidade do processo de leitura sugere que nenhum gene dominante dá surgimento à dislexia; há vários genes envolvidos. Hoje há pesquisas promissoras sobre vários deles. Alguns desses genes podem aumentar a capacidade de leitura, enquanto outros a diminuem. A genética da dislexia é uma área de pesquisa muito ativa, e os cientistas estão descobrindo que a busca pelos genes responsáveis é mais complicada do que previam.

SINAIS DE DISLEXIA NA PRIMEIR A INFÂNCIA
Os primeiros sinais estão em sua maioria relacionados à fala. O primeiro sinal de um problema de linguagem (e de leitura) pode ser o de a criança demorar a falar. Quando a criança começa a falar, observe os seguintes problemas:

Os anos de pré-escola:
Ø Problemas de aprendizagem de rimas infantis comuns.
Ø Falta de interesse pelas rimas.
Ø Palavras mal pronunciadas; persistência da chamada linguagem de bebê.
Ø Dificuldade em aprender (e lembrar) o nome das letras.
Ø Deficiência em saber o nome das letras de seu próprio nome.



Pré-escola e 1a série:
Ø Deficiência em entender que as palavras podem ser divididas em partes; em duas partes e em três sons.
Ø Incapacidade de ler palavras simples de uma só sílaba ou de pronunciar mesmo as palavras mais simples.
Ø Reclamações sobre o quanto é difícil ler; correr e esconder-se quando é hora de ler.
Ø Histórico de problemas de leitura presente nos pais e irmãos.
Além dos problemas de fala e de leitura, você também dever observar indícios de pontos fortes nos seguintes processos de pensamento de nível superior:
Ø Curiosidade.
Ø Grande imaginação.
Ø Capacidade de descobrir como as coisas acontecem.
Ø Forte envolvimento com ideias novas.
Ø Compreensão de ponto essencial das coisas.
Ø Boa compreensão de novos conceitos.
Ø Maturidade surpreendente.
Ø Grande vocabulário para sua faixa etária.
Ø Satisfação ao resolver quebra-cabeça/problemas.
Ø Talento para a construção de modelos.
Ø Excelente compreensão de históricos que lhe são lidas ou contadas.

PROBLEMAS DE LEITURA
Ø Fadiga extrema depois de ler.
Ø Leitura lenta de quase tudo: livros, manuais, legendas em filmes estrangeiros.
Ø Maus resultados em testes de múltipla escolha.
Ø Muitas horas utilizadas na leitura de material escolar ou de trabalho.
Ø Sacrifício frequente da vida social para estudar.
Ø Preferência por livros com menos palavras por página ou com grandes áreas em branco entre os parágrafos.
Ø Falta de vontade de ler por prazer.
Ø Ortografia que permanece problemática e preferência por palavras menos complexas ao escrever.
Ø Desempenho especialmente fraco em tarefas habituais de escrita.

HABILIDADES EVIDENTES NOS PROCESSOS DE PENSAMENTO DE ALTO NÍVEL
Ø A manutenção das habilidades observadas na época escolar.
Ø Alta capacidade de aprendizagem.
Ø Melhoria observável quando recebe tempo extra nos exames de múltipla escolha.
Ø Excelência observável quando concentrado em uma área especializada, tais como medicina, direito, políticas públicas, economia, arquitetura ou ciência em geral.
Ø Excelência na escrita quando o que importa é o conteúdo, e não a ortografia.
Ø Boa articulação ao expressar ideias e sentimentos.
Ø Excepcional empatia, calor humano e preocupação com os outros.
Ø Sucesso nas áreas que não dependem da memória imediata.
Ø Talento para a conceitualização de alto nível e capacidade de apresentar insights originais.
Ø Pensamento global.
Ø Inclinação a pensar de maneira original.
Ø Resiliência observável e capacidade de adaptação.    
                                                                                                                                                






DIAGNOSTICANDO A DISLEXIA NA  CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR
Na dislexia do desenvolvimento, a deficiência fonológica ocupa posição principal, estando os outros componentes da linguagem intactos, e a dificuldade de leitura está no nível da decodificação das palavras individuais, inicialmente com precisão e depois com fluência. A inteligência não é afetada e pode estar na faixa superior ou superdotada. O distúrbio está presente desde o nascimento, não sendo adquirido.
Na alexia adquirida, há uma perda ou diminuição da capacidade de leitura, resultante de um trauma cerebral, um tumor ou um derrame que tenha afetado os sistemas cerebrais necessários à leitura. Pode haver outros sintomas, tais como a perda da fala ou fraqueza no lado direito do corpo, dependendo da região exata afetada pela lesão cerebral. Ao contrário da dislexia do desenvolvimento, esta disfunção é adquirida e é mais frequentemente observada em pessoas de meia-idade ou idosas.
A hiperlexia é uma disfunção relativamente rara cuja causa é desconhecida, sendo, em vários sentidos, a imagem espelhada da dislexia. As crianças que nascem hiperléxicas aprendem a decodificar as palavras muito cedo, às vezes por volta dos 3 anos ou na pré-escola. Demonstram um interesse precoce e intenso pelas palavras, e sua excepcional capacidade de reconhecimento das palavras é frequentemente nítida por volta dos 5 anos. Mas sua compreensão de leitura é extremamente deficiente. Além disso, há déficits de raciocínio e na solução de problemas abstratos. Não é incomum que as crianças afetadas tenham dificuldades em estabelecer relações com outras crianças e  também com adultos.
Também é importante na dislexia eliminar outros fatores potenciais que atuam nas crianças em idade escolar e que têm problemas com a leitura. Por exemplo, as crianças devem ser avaliadas para que se detectem problemas auditivos ou de visão. Por exemplo, mensurações de laboratório, tais como estudos por imagem (ressonância magnética, tomografia computadorizada, raio X), eletroencefalogramas e estudos genéticos não são indicados para avaliação geral da dislexia e devem ser realizados apenas se houver determinadas indicações clínicas.
A dislexia é uma disfunção cuja base é a linguagem e que afeta a leitura; o TDAH é um problema que reflete dificuldades para distribuir, focar e sustentar a atenção. Entre 12 e 24% das pessoas com dislexia também possuem o TDAH.

DIAGNOSTICANDO JOVENS ADULTOS  E INTELIGENTES
Estratégias de aprendizagem
Usa o laptop para escrever; usa uma régua para acompanhar o texto; sublinha palavras específicas ou frases; escreve notas sobre tudo o que lê e depois copia as notas várias vezes até aprendê-las; necessita de silêncio quando estuda e quando faz os testes; necessita de concentração total ao ler.
Índice de leitura silenciosa:
5o percentil.
Índice de leitura oral:
8o percentil.
Consciência fonológica
Não proficiente.
Maneira de segurar o lápis:
Desajeitada.
Escrita:
Lenta, ilegível.
Ortografia:
Utiliza o corretor ortográfico
Leitura de palavras.
Decodificação abordagem de palavras:
45o percentil.
Identificação de palavras:
53o percentil.
Leitura oral compreensão:
99o percentil.
Conceitos matemáticos:
99o percentil.
Habilidade visuoespacial:
Excelente, “ótimo em anatomia”.

O diagnóstico de dislexia para jovens adultos e inteligentes, apresenta os mesmos indicadores de uma deficiência fonológica cercada por um mar de habilidades:
Ø Um significativo histórico familiar de dislexia;
Ø Problemas precoces na linguagem, no que diz respeito à articulação da fala, mas não à compreensão;
Ø Problemas ao aprender o alfabeto;
Ø Problemas ao associar letras e sons;
Ø Problemas ao pronunciar as palavras;
Ø Confusão de palavras cujos sons são parecidos;
Ø Dificuldade em perceber os detalhes das palavras;
Ø Terror absoluto de ler em voz alta;
Ø Leitura vagarosa;
Ø Ortografia desastrosa;
Ø Maneira desajeitada de segurar o lápis;
Ø Escrita deficiente;
Ø Autoestima rebaixada;
Ø Ansiedade ao realizar testes;
Ø Tempo como fator crítico para o desempenho;
Ø Desempenho extremamente variável, dependendo do formato do teste;
Ø Resultados de testes de múltipla escolha subestimam o conhecimento;
Ø Capacidade superior de aprendizagem aliada à leitura deficiente;
Ø Compreensão maior do que a memória imediata;
Ø Infere muito melhor a ideia principal do que os detalhes.

Aqui estão os fatos essenciais sobre a dislexia em um adulto:
Ø A deficiência fonológica persiste; nunca lhe abandona;
Ø Nas crianças, a deficiência fonológica afeta primeiramente a precisão; quando adultos já terão aprendido a ler um bom número de palavras com precisão;

Os leitores adultos bem aparelhados leem com precisão e rapidamente; os adultos disléxicos leem lentamente e de maneira trabalhosa – não são fluentes;

Ø Os estudos das imagens cerebrais indicam que os adultos disléxicos nunca passam a utilizar o circuito neural de leitura automática, necessário à leitura fluente;
Ø A dependência de caminhos neurais secundários resulta em leitura precisa, mas lenta.
Ø  
ENSINO  INTENSIVO
O ensino da leitura para o leitor disléxico deve ser ministrado com grande intensidade. Não se esqueça de que ela está atrás de seus colegas e deve progredir mais do que eles para alcançá-los. O disléxico deve dar um salto; caso contrário, ficará para trás.
Seu professor deve saber desacelerar, repetir, aumentar, aumentar a velocidade ou mudar o ritmo, encontrar uma explicação alternativa e parar.

ENSINO DE ALTA QUALIDADE
O ensino de qualidade é ministrado por um professor altamente qualificado.
De acordo com o pesquisador que realizou ambas as investigações, o estudo no qual o programa foi mais eficaz “utilizou professores altamente qualificados que tinham alguns anos de experiência ensinando crianças com problemas de leitura”.

ENSINANDO A CRIANÇA DISLÉXICA A LER
Os pontos essenciais para um programa de intervenção precoce são:
Ø Ensino sistemático e direto em:
·        Consciência fonêmica – perceber, identificar e  manipular os sons da linguagem oral.
·        Fônica – como as letras e os grupos de letras representam os sons da linguagem oral.
·        Pronunciar as palavras (decodificação).
·        Ortografia.
·        Leitura de palavras á primeira vista.
·        Vocabulário e conceitos.
·        Estratégias de compreensão de leitura.
Ø Prática na aplicação dessas habilidades na leitura e na escrita.
Ø Treinamento em fluência.
Ø Experiência linguísticas enriquecedoras:
·        Ouvir, falar sobre um determinado assunto e contar histórias.

CONSTRUINDO A FLUÊNCIA: TREINANDO O CÉREBRO
Como você sabe, a fluência é enganosa para o leitor disléxico, mas não precisa ser. Assim é urgente que a criança disléxica que tenha atingido algum grau de precisão de leitura, mas que ainda lê devagar e hesitantemente, receba um treinamento contínuo de fluência. O objetivo é que ela se torne um leitor fluente.
As abordagens que enfatizam a leitura oral repetida com feedback e orientação do professor apresentam os resultados mais positivos.
A “sobre-aprendizagem”, é o resultado de repetição intensa, exercício e prática.
Devemos nos concentrar na construção de modelos neurais de palavras estáveis e precisos. Cada sessão de treinamento de fluência exige apenas alguns minutos por dia. A prática deve ser consistente e estender-se por um período de semanas ou, preferencialmente, meses. Pelo fato de a fluência ser construída sobre a precisão, os alunos devem praticar com materiais que já tenham decodificado. Em termos práticos, isso significa que devem ser capazes de ler a passagem que escolherem com um alto grau de precisão, não cometendo mais do que um erro a cada 20 palavras. Praticar significa reler a mesma passagem pelo menos quatro vezes.
No geral, o treinamento de sucesso para a fluência pode ser conquistado por meio de leitura oral repetida, seja de passagens inteiras, seja de palavras isoladas.
Na prática, impõem-se um prazo sobre a velocidade com a qual se identifica uma palavra, com prazos mais curtos resultando em velocidades mais rápidas de leitura.



AJUDANDO AS CRIANÇAS MAIS VELHAS A SE TORNAREM FLUENTES
Os alunos mais velhos também tiram proveito da leitura de palavras isoladas, especialmente das chamadas palavras irregulares. Essas palavras são em geral encontradas em textos para alunos de séries mais avançadas, mas devem ser aprendidas e reaprendidas por meio de prática repetida como parte de exercícios de fluência.
Os alunos praticam a leitura em voz alta de palavras retiradas de seus textos de leitura de diferentes disciplinas, tais como estudos sociais e ciências. Essas palavras podem ser colocadas em cartões individuais ou no computador para a prática da leitura em voz alta. Ouvir o texto em fita ou CD enquanto se lê também ajuda. Sem esse apoio, pedir a um aluno disléxico que leia só causará frustração e decepção.

MEDINDO A FLUÊNCIA
Quase tão importante quanto ensinar a fluência é medi-la. Há diretrizes úteis para ajudá-lo a julgar a fluência relativa de uma criança. Para as crianças das séries inferiores, os índices de fluência para a leitura oral de textos são os seguintes:



SÉRIE
PALAVRAS CORRETAS
POR MINUTO
1a série, segunda metade
40 a 60
2a série, segunda  metade
80 a 100
3a série, segunda metade
100 a 120
4a série e séries superiores
120 a 180

As crianças cujos índices estivessem abaixo dos níveis indicados a seguir estão em situação de alto risco no que diz respeito à leitura.



QUAL É O PAPEL DE COMPUTADOR NO  ENSINO DE UMA CRIANÇA DISLÉXICA?
Não há ainda comprovação da eficácia do ensino por computador no que diz respeito à leitura, embora não haja dúvida de que se trata de uma excelente ferramenta para a prática.

GRAVAÇÕES E VÍDEOS AJUDAM?
Esse material permite que uma criança disléxica acompanhe tarefas de sala de aula que não poderia ler com facilidade. O mesmo pode ser dito sobre fitas de vídeo de romances ou dramas; assistir a essas fitas antes de ler a história firma um esquema ou estrutura ao qual a criança pode vincular detalhes da história. Quando a criança tiver visto o vídeo e entendido a essência da história, em geral será capaz de ler o livro que antes teria sido considerado difícil demais. As crianças disléxicas, em especial, têm melhor desempenho quando tem em mente um quadro geral do que vão ler – a história completa e os personagens individuais. É aí que o leitor disléxico pode aplicar ao contexto de uma palavra sua capacidade conceitual e seu vocabulário rico e chegar ao seu significado e pronúncia.

HÁ ESTRATÉGIAS SIMPLES E GERAIS QUE UMA CRIANÇA DISLÉXICA POSSA USAR PARA MELHORAR SUA LEITURA?
Como foi mencionado antes, ensina-se a criança a olhar as letras que formam uma palavra. Na prática, incentiva-se a criança a pronunciar a palavra tanto quanto puder e, mais tarde, ensina-se a encontrar uma palavra que tenha um som parecido com a anterior e que também faça sentido na frase.
Com o tempo e a prática, a criança se torna cada vez mais independente no que diz respeito à habilidade de testar estratégias diferentes e em monitorar sua própria leitura. Quando a criança estiver maior, poderá usar a régua ou objeto semelhante.



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