segunda-feira, 11 de junho de 2012

A inteligência das mães



Num recente número da prestigiada revista portuguesa PAIS &FILHOS foi abordado o tema da inteligência das mães.
Segundo um estudo científico parece que a maternidade torna as mulheres mais inteligentes. É um artigo que deve ser lido.
Na preparação daquele trabalho Nelson S. Lima, do Instituto da Inteligência, foi convidado a dar a sua opinião. Aqui fica o conteúdo total da entrevista de onde aquela publicação retirou depois alguns enxertos.

- É verdade que o cérebro dos seres humanos tem uma grande capacidade de plasticidade e, por isso, podemos estar sempre a tornar-nos mais inteligentes?
Sim, é verdade. A neuroplasticidade permite que o cérebro humano amplie a sua destreza mental através de novas aprendizagens e de estimulação. Estima-se que uma pessoa que mantenha uma mente activa e culta possa fazer subir o seu QI em 15% durante a vida.

- A maternidade pode alterar alguma coisa no funcionamento do cérebro das mulheres, tornando-as mais inteligentes?
Não direi mais inteligentes mas mais diligentes. Não apenas as alterações químicas no cérebro provocadas pela condição da maternidade como as alterações psicológicas forçadas pelo exercício do papel de mãe estimulam o desenvolvimento de processos básicos como a atenção, a concentração, a intuição e uma maior sensibilidade às emoções.

-Que efeitos têm no cérebro das mulheres a oxitocina e a prolactina?
A oxitocina está envolvida nos processos emocionais. Ela actua junto da amígdala (localizada no sistema límbico cerebral) e está relacionada com a produção de sentimentos de generosidade e de confiança. Nas mulheres, conduz a uma maior receptividade e afectividade face aos outros, em especial os filhos. Já a prolactina é uma hormona que estimula o crescimento e a produção de leite durante a gravidez e a amamentação. Está, todavia, dependente também dos estados emocionais, da oxitocina e dos níveis de stress.

- O sentimento que une uma mãe a um filho pode dar novas capacidades ou alterar comportamentos na mulher?
Como em todos os sentimentos de sinal positivo que envolvam e unam pessoas (amizade, afeição, amor, etc) também as relações, atitudes e comportamentos entre mãe e filho dependem, basicamente, da natureza das emoções que são geradas. Os sentimentos positivos são auto-motivadores e susceptíveis de darem maior visibilidade a potencialidades encobertas anteriormente. É o caso da capacidade de amar que só se torna visível e disponível quando surge a pessoa ideal (neste caso, um filho) que vai dar origem a uma nova relação afectiva.

- Porque é que muitas mulheres experimentam uma sensação de ficarem mais distraídas, ou mesmo mais burras, durante a gravidez ou imediatamente a seguir ao parto?
A gravidez é um processo que produz imensas transformações químicas e comportamentais no corpo (logo, também no cérebro) da mulher. Eu não sei se a sensação que descreve é, de facto, percebida como uma espécie de perda de capacidades. Talvez seja apenas uma interpretação errada de sentimentos íntimos que a nova condição de mãe sugere e que tem origens mais culturais do que biológicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário